quinta-feira, 30 de julho de 2009

Faltam Profissionais no Mercado de Aviação

Abaixo a matéria veiculada pela Globo ontem. O curioso é que apesar da demora em se formar um técnico pleno em manutenção de aeronaves, não está havendo planejamento suficiente para suprir a demanda que vai haver quando (se) houver a copa do mundo de futebol. Mas também ao mesmo tempo há demissões na indústria por causa da crise. Parece o cachorro correndo atrás do rabo.

Faltam profissionais qualificados no mercado de aviação
Sindicato diz que já há sobrecarga de trabalho. A Anac teme que isso prejudique o crescimento do mercado.”

Os motivos são variados. Os cursos são caros, as empresas não estão dispostas a pagar pela formação de novos profissionais, os salários já não atraem tanto. Até maio deste ano, nenhum mecânico de voo – que é o profissional que viaja nos aviões – tirou o certificado para trabalhar. Para o sindicato que representa os funcionários, já há sobrecarga de trabalho.

Leandro Santos é motoboy, mas espera mudar de profissão em pouco tempo: “Sonho ser um mecânico de aeronave, fazer parte da manutenção de uma empresa”.

Para alcançar esse sonho ele se matriculou em uma escola de aviação: “Metade do meu salário deixo aqui”.

O custo do curso para comissária de bordo também é alto. Maria Rita ainda calcula outros gastos pela frente: “Tem que se dedicar ao inglês, uma outra língua”.

O investimento do aluno é muito grande. Um piloto, por exemplo, precisa fazer seis meses de curso, pelo menos. Se for para voos comerciais, ele terá que passar mais um semestre na escola. Depois, vêm as horas de voo: 200 em média, que vão custar cerca de R$ 50 mil. Alguns pilotos experientes acreditam que por causa desse gasto tão grande, hoje há bem menos profissionais em busca desse mercado.

“A evasão está se dando exatamente por esse motivo. O custo de aprendizado é extremamente alto e o retorno é extremamente baixo. As empresas não pagam mais de R$ 2,5 mil por mês para um iniciante”, compara o piloto e instrutor Rui Torres.

“Quando você é empregado numa companhia aérea como piloto, você começa ter retorno a partir do terceiro ano, mais ou menos, de tudo aquilo que você investiu para começar na carreira”, afirma o aeroviário Ranieri de Moura Ribeiro.

Mais de 50 milhões de pessoas viajam por ano de avião no Brasil. Só neste primeiro semestre houve um aumento de 3% no número de passageiros, em comparação com o mesmo período de 2008.

“Acabei de comentar isso ali no check-in. Sem bagagem, duas pessoas e uma fila enorme. Você vê várias outras posições abertas que poderia ter funcionários e não tem”, reclama o administrador Marcelo Miranda.

“São sobrecarregados e falta um pouco de humor no atendimento. Estão realmente sobrecarregados”, atesta o consultor Rodrigo Carvalho.

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) teme que o mercado não esteja preparado para encarar esse processo de crescimento.

“O boom que aconteceu na aviação brasileira entre, mais ou menos entre 2002 e 2005, gerou sérios problemas de oferta de mão-de-obra em 2006 e 2007. Se falta profissional, vamos ter problema de oferta de voos, as companhias vão ter que segurar um pouco a oferta de novos voos e com isso o preço da passagem acaba se elevando”, aponta a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Solange Vieira.

“Trabalham no limite máximo e muitas vezes superior ao limite permitido pela Legislação. Uma das características do aeronauta é fadiga crônica. Tanto no comissário quanto nos pilotos e que leva, por exemplo, a afastamento de voos”, afirma a diretora do Sindicato Nacional dos Aeronautas Marlene Ruza.

“A Anac fiscaliza e controla muito as linhas aéreas. Se elas estão colocando os pilotos para trabalhar mais do que o máximo estabelecido. Tem um controle e, na verdade, o que vai acontecer é que não vai poder crescer a taxa que o mercado está demandando”, diz a diretora da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) Solange Vieira.

A diretora da Anac diz que a agência está oferecendo bolsas de estudos para pilotos que atendem a algumas exigências. Com a bolsa, os interessados podem fazer cursos em aeroclubes. Hoje, segundo o Sindicato dos Aeronautas, há 500 pilotos brasileiros que voam no exterior, onde os salários são melhores.

Fonte: Globo.com

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