Voltando de sÃO pAULO (capital) no último domingo, estava pensando no Blog e em uma das perguntas mais frequentes que me fazem aqui, e na Etec, que é a respeito da necessidade de se fazer curso de inglês para seguir na profissão de mecânico de aeronaves.. também perguntam muito se a matemática é muito difícil.
A minha resposta é sempre positiva: Se você quer se desenvolver e chegar a algum lugar (e não só na profissão de mecânico), você tem que aprender inglês (ou francês se quiser ir trabalhar na Airbus). Mas a questão do inglês e da matemática é a parte mais fácil, difícil mesmo é o português.
Se você não souber nem ao menos escrever a lingua mãe, como espera aprender outra lingua?
Se você não souber se expressar, transmitir uma idéia, ter raciocínio lógico, como vai discutir um problema com um comandante de um Boeing 777 por exemplo?
Uma vez alguém comentou comigo do porque os pilotos e comissários terem mais “status” do que o pessoal da manutenção, do porque de quando sair uma matéria em alguma revista semanal sempre aparecerem comandantes e comissários e nunca um mecânico. Para mim, uma das razões reside justamente no fato (já histórico) de que as pessoas acham que mecânicos só precisam saber trocar peças, e pra isso nem cultura precisa.
A indústria tem culpa na perpetuação desse ponto de vista, o governo tem culpa e o indivíduo também tem culpa. Os primeiros porque não aplicam os testes corretos para medir o nível cultural e nivelam por baixo, já que é o que há disponível no mercado.
O segundo pela omissão em dar ensino de qualidade a todos os brasileiros e os terceiros pela acomodação de achar que é assim mesmo, “pobre deve ser mecânico e rico deve ser piloto”, então pra que se importar?
Eu luto contra isso. Luto pelo respeito à profissão, que infelizmente só encontrei em empresas americanas e europeias (e ainda assim até lá tem um pouco da história de grease monkey). Tento abrir os olhos de algumas pessoas para que mude aqui no Brasil também, mas quando leio alguns comentários neste Blog, em que mal dá pra entender o que a pessoa quer perguntar, dá até um desânimo.
Todo mundo tem que lutar para ser uma pessoa melhor (não só na aviação), mas isso não cai no colo. Tem que estudar, tem que ler, tem que aprender, tem que suar. Só assim vamos conseguir o respeito na profissão. E não precisa conhecer todas as regras de crase ou do uso do “porque” ou “por que”.
Leiam livros, questionem, aprendam, não leiam só as manchetes, entendam um texto.
Fazer isso já será um grande passo.
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